O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou esta semana a fase de interrogatórios dos réus acusados de envolvimento na suposta tentativa de golpe de Estado em 2022, com o objetivo de apurar se houve articulação para reverter o resultado das eleições e manter Jair Bolsonaro no poder.
O primeiro a depor foi o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator no caso. Em seu depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, Cid revelou que Bolsonaro leu e editou a minuta do plano de golpe, removendo alguns trechos, como o que sugeria a prisão de autoridades, mas mantendo Moraes como alvo direto.
A minuta previa medidas como estado de sítio, suspensão de poderes e convocação de novas eleições supervisionadas por um conselho militar.
Cid também mencionou que o general Braga Netto atuou como elo entre Bolsonaro e os acampamentos diante de quartéis, financiados com dinheiro vindo do agronegócio, com objetivo de apoiar ações antidemocráticas.
Sobre os áudios vazados em que criticava a Polícia Federal e afirmava ter sido coagido, Cid reconheceu a autenticidade, mas afirmou que eram apenas um "desabafo em momento de pressão".
Além de Mauro Cid e do deputado Alexandre Ramagem, que também foi ouvido, outros depoimentos devem ocorrer ao longo da semana. Um dos mais aguardados é o cara a cara entre Moraes e Bolsonaro, que pode inaugurar uma nova etapa nas investigações.